Processo Criativo para Elaborar uma Fantasia

Meu filho chegou com uma demanda da escola numa terça-feira. Ele cursa o nono ano e na sexta-feira seguinte seria o “trote” em que todos os estudantes deveriam ir fantasiados de alguma referência brasileira. Podia ser algo típico, um personagem, uma marca… livre imaginação.

Acompanhei o processo criativo dele de chegar à fantasia em questão com o mínimo de intervenção possível. Lembrei somente das limitações temporais: como ele tem vôlei às terças e quintas, o dia mais propício seria a quarta-feira para a pesquisa criativa. Ademais, não me dispus a alugar adereços ou investir em produções muito sofisticadas. Ele teria que usar os recursos já disponíveis.

A etapa da PREPARAÇÃO foi bem marcada. Ele fez um brainstorm, considerando todas as opções possíveis, ainda em nível mental. Discutiu as ideias comigo, com o pai, pensou em voz alta. Teve ideias muito imaginativas (como se vestir de pote de açaí, fantasiar-se de “Dollynho”) mas que foi descartada pelo prazo e a dificuldade de execução.

INCUBOU jogando vôlei, videogame, mas com o processo bastante ativo dentro de si. Volta e meia falava do tema. Foi quando decidiu revistar uma caixa de fantasias, adereços etc que temos para ver se tinha mais ideias.

Dentre muitas, interessou-se por um chapéu de palha estiloso que lhe renderia uma fantasia de Luff (One Piece) mas que não seria possível já que a temática era brasileira.

Decidiu-se por ir de fazendeiro e estava feliz com a resolução. Blusa xadrez de festa junina, calça jeans e chapéu. E assim ficou até a manhã de quinta quando a produção evoluiu para Chico Bento, personagem da turma da Mônica. De fato, a roupa de fazendeiro estava muito quente para o veranico brasiliense. A calça jeans foi trocada pela bermuda jeans. A blusa de manga comprida xadrez por uma blusa amarela. E o chapéu de palha continuou compondo o look.

O que esse processo criativo me ensinou é que, em se tratando de adolescentes, temos que ter paciência pra acompanhar a produção de ideias, fazendo o mínimo de interferências possíveis.

  • Jovens e adolescentes são ótimos geradores de ideia. Em sua rotina, geralmente são submetidos a muitos estímulos, referências, e conseguem criar muitas coisas interessantes. Só precisam ser encorajados, muitas vezes, a experimentarem.
  • Eles nem sempre sabem lidar bem com a frustração que decorre do processo criativo. Em um mundo imediatista, entender que nem sempre a primeira ideia será exequível, enxergar onde estão os limites, que é preciso se debruçar para elaborar algo que tem potencial, que incubar é importante, nem sempre é agradável. Mas é necessário.
  • Quando se tem tempo, a criatividade ganha outros contornos. Procrastinar, fazer tudo correndo, não é uma alternativa que gostamos de escolher. Começar criar o quanto antes – e não no último minuto, nos permite chegar a soluções mais interessantes.
  • Pais, essa é para nós! Segurar nosso desejo de resolver os problemas que são deles, de projetar o que para NÓS seria a melhor fantasia/projeto/solução é um exercício valioso. Ouvir e dar o suporte quando somos convidados é um exercício diário de atenção plena.

E você? Já viveu essa experiência de escolher uma fantasia criativamente? A qual solução você chegou?

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Respostas de 2

  1. Estou morrendo de rir: filhos de criativos tem que fazer brainstorm!
    Antes de ter uma ideia boa é preciso ter várias ideias, não é isso?
    Brainstorm é vida! Tão simples e tão rico.
    Parabéns por fazer esse processo tão lúdico na vida do João!

    1. E fazem sem saber que estão fazendo, né? Vão tateando a coisa, falando aquela enxurrada de coisas. Depois voltam no assunto. Explorou a caixa, experimentou. Fico orgulhosa quando vejo que ele se joga, não desistiu antes de tentar. Gratidão por ter você por aqui.

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