Eu me boicoto. Será mesmo?

É cada vez mais comum eu encontrar mulheres 40+ que estão enfrentando o mesmo desafio. São qualificadas, inteligentes, independentes, com excelente atuação em suas profissões e contextos sociais.

Por formação são professoras, psicólogas, nutricionistas, arquitetas, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, comunicadoras, terapeutas, funcionárias públicas, artistas, entre tantas outras possíveis. No mundo físico, costumam performar muito bem, bem avaliadas por seus clientes, pacientes e, por vezes, alunos. Mas quando se trata do digital, “a porca torce o rabo” como se diz lá nas Minas Gerais.

Se você se identificou com a descrição, pegue seu chá, café e biscoitinho porque o texto é longo e você é dessas que leem textões. Desde que eles te acrescentem alguma coisa. Pra ser mais exata, desde que eles te entreguem muuuuito. E de preferência, que no final não te vendam nada porque estamos cheias disso.

Mulheres assim têm aparecido muito para o atendimento Nívea Braga. São mulheres que tem muitas ideias, muitas, não param de tê-las. E possuem grande dificuldade de materializá-las e se sentem frustradas por isso. Ainda mais quando escutam que o filho da amiga da vizinha está faturando milhões fazendo “cursos que vendem cursos”. “Acho que me saboto” muitas me dizem.

Na verdade, minha experiência atendendo mulheres com esse perfil comportamental (inclusive sendo uma delas) e por outro lado dando aula para muitos universitários 25- , é que a questão é muito mais simples.

Vivemos em um mundo hiperconectado, disruptivo e acelerado. Nós, que temos um pouco mais de 40 – ou que nos identificamos com esse perfil, não somos nativos digitais. Não nascemos com um celular na mão, muito menos amamos passar a tarde editamos vídeos. Sim, eu disse PASSAR A TARDE. Coisas que nossos adolescentes, filmam, editam e postam em minutos, nós passamos um tempo muito maior fazendo.

Porque pensamos no conteúdo. Temos um turbilhão de ideias e de informações preciosas que povoam nossa mente, e que consolidamos em anos de estudo, viagens e atendimentos profissionais. Como recortar, embalar e pasteurizar naquele meio segundo em que alguém rola o feed em busca de qualquer coisa. Reza a cartilha do marketing digital “precisamos ser rápidos, diretos, impactantes, inesquecíveis.”

Ainda temos que manter a comunidade ativa, as unhas feitas, os cursos onlines em dia, responder a infindável cascata de mensagens do WhatsApp.

Será?

Tenho pra mim que nosso maior desafio – o de acompanhar – seja nosso maior trunfo também. Ainda não fomos (queira Deus que nunca sejamos) aplainadas com o rolo compressor da superficialidade. Somos aquelas que ainda viajam para congressos ou estudam de casa mesmo, que estão nas bancas de doutorado ou nas bancas de legumes escolhendo as verduras. Que frequentamos ou desejamos estar em Clubes de Leitura. Que rezamos, oramos ou meditamos. Que tem tempo pros amigos e para a família, de sangue ou de alma. Que estamos tateando o nosso fazer por outras paragens mais virtuais.

Minhas amigas que estão por essas bandas, que cruzam comunicação, criatividade e presença digital, estão experimentando. Todas se viram um pouco xxxx (coloque aqui sua profissão) e comunicadoras da noite pro dia. Personal Organizer e comunicadora de si mesmo. Pediatra e produtora de conteúdo. Eita? Isso funciona? Isso combina comigo? Vou dar conta?

Vamos sim. Vamos dar conta se a gente se respeitar. Se respeitarmos o nosso ritmo. Se ocuparmos o nosso espaço não pensando em dígitos, mas em mudanças significativas. E isso leva tempo.

Quando a gente amplia – o tempo, os limites geográficos, os alcances, o mundo de repente invade nossa rotina: com prazos sobrepostos, com demandas pra ontem, com pessoas muito digitais em nosso entorno. Pode ser que você flua super bem em meio disso tudo… pode ser que não. Porque, no meio disso tudo, pode ser que você esteja no climatério ou menopausa, pode ser que esteja numa transição de carreira, filhos saindo de casa, pais idosos.

Desafios não faltam… e ainda tenho que ser criativo, relevante e com forte presença digital?

Meu conselho: eu te vejo! Sei do que você está falando. E acompanho seus passos, ainda que hesitantes nesse fazer. Ter seu perfil ativo, mesmo que pouco movimentado? Sucesso. Sério que você tem a sua logo e ela já está estampada no seu receituário? Sucesso. Não me diga que você já vai em um evento e faz um story mesmo que esparso? Sucesso, sucesso, sucesso. Aceitou fazer live com as amigas? OIhe só! E se ainda não conseguiu fazer nada disso, tudo bem também.

As mulheres são, pela primeira vez em cinco décadas, maioria em todas as regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste, Centro Oeste). Só faltava a Região Norte para consolidar o que chamamos de tendência histórica.

Prepare-se, planeta! Vem aí uma comunicação mais sensível, humanizada, agregadora, distributiva e pensada. Se você chegou até aqui, essa é a mensagem de hoje. E não pense que quando falo mulheres 40+ isso é uma caixinha. Nesse perfil cabem pessoas, é uma discussão muito além do gênero. Cabem os que não se definem por gênero, cor, raça. Cabem minhas velhinhas de 105 (que no RG performam 19 e são alunas). Cabem mães de minhas amigas. Cabem companheiros. Cabe um mar de pessoas. Cabem homens e os que não se enxergam assim. Cabe você que chegou até aqui. Não sei o que nos espera mas com certeza posso dizer. A vida (digital) com certeza pode começar aos quarenta.

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Respostas de 2

    1. Empreendedorismo é nossa onda, Pitty! Se bem que nem fazemos tanta questão de termos e rótulos, não é? Queremos viver nossas vidas em paz, conectando pessoas, aproveitando os momentos, vivendo e fazendo a diferença por onde passamos, não é? Celebremos os encontros e as pautas saudáveis.

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