Processo Criativo, Infância e Adolescência tem tudo a ver!

Muita gente acredita que o ápice da criatividade está na infância. Quando se estuda Criatividade, no entanto, descobre-se que o “ápice criativo”, curiosamente, pode acontecer em outra fase da vida. Alguns teóricos apontam a faixa dos quarenta anos, onde se tem fortemente a capacidade racional de resolver problemas aliadas à força da imaginação.

Se pesquisarmos por agraciados pelos Prêmios Nobel por exemplo, teremos outro dado. Um estudo americano analisou trajetória de ganhadores do Prêmio Nobel de Economia e concluiu que há dois tipos de picos de criatividade. Existem os laureados em torno dos seus 25/29 anos inovam com ideias disruptivas e fora dos moldes tradicionais e outro pico em torno dos 50 com a criatividade experimental, forjada a partir da experiência, fruto de muita tentativa e erro.

Sabe-se então que, dependendo da lupa e do recorte que se coloca, teremos diferentes idades e momentos para sermos criativos. De fato, será mesmo que existe um tempo e um lugar? Pense quando você está em uma viagem para lugares onde nunca foi! A explosão de cores, de sabores, de barulhos, de referências. Já pensou que até os sonhos ficam mais agitados? Eu já acordei no meio da noite falando, meio sonâmbula depois de visitar o Sissi Museum na Áustria.

Gosto de pensar que, para os pequenos, o mundo pode ser essa grande viagem todos os dias! Quando vão para os quintais e praças, os que podem, claro, explorando tudo ao redor, estão empreendendo uma grande aventura criativa.

Seu processo é muito rico porque as conexões cerebrais ainda estão muito fresquinhas. O mundo do espantamento, da experimentação ainda fresco. O desprendimento do tempo. A vontade de descobrir sem tantas regras. Um baldinho e as botas da Peppa são suficientes pra um universo inteiro de possibilidades.

Para os adolescentes, esse processo continua vivo. O acesso é que é um pouco diferente. Num processo abrupto de mudanças hormonais, culturais e de personalidade, onde a identidade fica perdida – e, ao contrário da vida adulta, é impossível tirar uma segunda via, ser criativo é um exercício de enfrentamento. Aos pais, ao estabelecido, ao recém-descoberto.

Errar para um adolescente, custa caro pois o medo de perder – o afeto, o carinho dos pais, as próprias referências de grupo, parece ter “peso 2”. Não vamos ajudar nossas crianças e nossos adolescentes pagando mais aulas, mais terapias, mais viagens, mais professores. Sim, são recursos valiosos e importantes, e podem ter seu lugar nesse processo.

Mas sinceramente? Nós os ajudaremos de fato quando nós crescermos. Quando nos apropriarmos do medo de errar e nos arriscar a fazer o que nós amamos. Em desistir de dar a eles um futuro promissor, mas muito atentos ao que eles manifestam. Validando os sentimentos, dando-lhes chance de experimentar a vida e respondendo (na medida certa, sem exageros ou negligências) suas demandas.

As seis etapas do processo criativo que eu trabalho e ainda vou contar aqui pra vocês me ensinou que, ao lidar com crianças e adolescentes, preciso menos de técnicas e exercícios, e mais vulnerabilidade. Eles não confiam tanto assim em scripts prontinhos. Mas estão bem abertos a fazer juntos, a testar os limites, a trazer o novo.

Não disse que é fácil, disse? No entanto, asseguro: é recompensador.

Imagem: www.freepik.com

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